domingo, 7 de dezembro de 2008

Day & Age - The Killers

Depois dos dois bons primeiros álbuns, Hot Fuss (2004) e Sam's Town (2006), o The Killers volta no fim de 2008 com Day & Age. Integrante do chamado "Novo Rock" (iniciado em 2001 com os Strokes), a banda iniciou sua trajetória com um rock dançante de referências oitentistas, depois partiu para uma espécie de rock de arena, bem ao estilo Bruce Springsteam. E agora segue testando novas sonoridades e referências. Vamos a um faixa-a-faixa de Day & Age para tentar entender o novo trabalho.


1) Losing Touch (4'15") - Começa vigorosa, perfeita para abrir um álbum, e de repente entra um naipe de metais... causa estranhamento, mas funciona, torna até a música mais divertida. O refrão é ganchudo e também funciona muito bem. Bela faixa, mas no final fica a dúvida: "Esse é o Killers do Hot Fuss, do Sam's Town ou nenhum nem outro?". Bem, ainda não há como constatar, quem sabe mais adiante...

2) Human (4'05") - O que é isso? Erasure? Madonna? Não, apenas o Killers fazendo tecnopop. O resultado é bastante curioso. "Are we human, or are we dancers?" pergunta Brandon Flowers. Se em Hot Fuss a referência aos anos 80 é sutil, aqui ela é escancarada, até nostálgica. Certamente a faixa vai ter milhões de remixes, mas a original com certeza já deve bombar em qualquer pista de dança.

3) Spaceman (4'44") - Mais tecnopop, só que agora um pouco menos Pet Shop Boys e mais New Order. No geral é uma música feliz apesar da letra lembrando filmes de ficção científica, se assemelha a alguns sons do Hot Fuss.

4) Joy Ride (3'33") - Faixa (bem) dançante, guitarras funkeadas, metais e (acho) percussão. Irresistível. O clima de "noitada no cassino" é contagiante. Só faltou um refrão mais marcante, mas mesmo assim a peteca não cai.

5) A Dustland Fairytale (3'45") - Aparentemente uma balada conduzida por piano e teclado, bastante dramática. Até que se inicia um crescendo interminável. Interminável mesmo, a música acaba e parece que ainda não chegou no auge.

6) This Is Your Life (3'41") - Começa com uns vocais graves estranhos e um baixo estalado, parece que a qualquer momento vai entrar o coro de Tarzan Boy (alguém lembra?). Algo como Bono e The Edge tocando com o Erasure aditivado de uma dosinha de testosterona, mas não muita. Vou ouvir A Little Respect e já volto.

7) I Can't Stay (3'06") - Timbres cafonas, parece uma salsa, mas a melodia vocal é muito boa. Dá para imaginar Brandon Flowers dançando vestido com um collant tipo Freddie Mercury.

8) Neon Tiger (3'05") - Música de andamento moderado, que no final soa arrastado. Apesar do bom refrão, não acrescenta muito ao álbum.

9) The World We Live In (4'40") - O verso lembra o The Cure em sua fase mais dançante, o próprio Flowers parece evocar o descabelado Robert Smith nos vocais. Boa surpresa.

10) Goodnight, Travel Well (6'52") - Música soturna, contraponto a quase tudo ouvido anteriormente no álbum. Também remete ao Cure, mas dessa vez ao lado sombrio mesmo. A letra é triste que chega doer, principalmente na parte final, quando Flowers grita "there's nothing I can say, there's nothing I can do now". O álbum poderia terminar aqui.

11) A Crippling Blow (3'36") - Faixa alegre e saltitante, até meio caricata. Não que seja ruim, mas Goodnight, Travel Well fecharia o álbum com mais classe.


Ao ouvir Day & Age por inteiro percebemos que é muito mais Hot Fuss do que Sam's Town, mas com ressalvas. As referências oitentistas, aqui aparecem muito mais explícitas que no primeiro álbum da banda, mas o problema é que isso não acontece de maneira uniforme. Ao mesmo tempo que temos Human, totalmente tecnopop; temos Neon Tiger, bem mais contida e sóbria; e ainda toda a densidade de Goodnight, Travel Well. Isso, de certa forma, causa um desequilíbrio na unidade do álbum.

É claro que essa "uniformidade" não é uma regra, mas nesse caso a falta dela tornou o álbum um tanto quanto bagunçado. Algumas músicas são imperdíveis, mas como um todo, a coisa desanda.

Por outro lado, é interessante ressaltar que entre as bandas do tal "Novo Rock" (Strokes, Franz Ferdinand, Bloc Party, Artic Monkeys, etc), o Killers é uma das que mais se arrisca, o que mesmo os deixando em situação de risco, é louvável.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Algo estranho no ar...

Realmente 2008 é um ano atípico. Nossos abastados vizinhos de cima estão em crise, ainda por cima elegeram um presidente negro. Guns'n Roses enfim lança, após quase duas décadas, o aguardado (ou já desacreditado) Chinese Democracy. Por fim, outro fato inusitado, o real motivo desse post: Radiohead confirma shows no Brasil.

Após anos de especulação e "quase confirmações", Thom Yorke e sua trupe desembarca no Brasil. No Rio de Janeiro em 20 de março de 2009, na Praça da Apoteose; e em São Paulo em 22 do mesmo mês, na Chácara do Jockey.

Os ingressos começam a ser vendidos a 0h dessa sexta-feira (05 de dezembro) pela internet, e a partir das 9h na bilheteria do Maracanãzinho (RJ) e do Pacaembú (SP). A expectativa de todos é que os 30 mil ingressos colocados a venda em São Paulo e os 35 mil do Rio de Janeiro acabem bem rápido. O preço é único, R$ 200 sem choro, estudante paga meia.

O show faz parte de um festval chamado "Just a Fest", as informações são de que ainda integram o evento mais uma banda internacional e duas nacionais, ainda não reveladas.

Quanto as nacionais, não ouvi nada a respeito ainda, mas a especulação por parte da banda gringa aponta para três possíveis nomes: Portishead, Sigur-Rós e Spiritualized.

Portishead seria fantástico não? Uma das melhores bandas da história recente do rock (talvez possa até aumentar esse parâmetro), Radiohead no caso, e os donos de um dos melhores, senão o melhor álbum de 2008, o Portishead e seu fantástico Third.

Estou me esquematizando, não posso perder esse show por nada. Aliás, se alguém souber de alguma caravana (essa palavra me lembra programa do Sílvio Santos) que parta de algum lugar perto dessas banda que moro, me avise por favor.

Que venha Radiohead, estamos esperando (muito) ansiosos...

sábado, 15 de novembro de 2008

Curto e Grosso: Skank e Oasis


Banda: Skank
Álbum: Estandarte
Produtor: Dudu Marote
Filho de: Beatles com Mano Negra com Supergrass com o próprio Skank
Retrospecto: A banda vem desde o começo da carreira passando por mutações, sempre surpreendendo. Após o dancehall dos primeiros álbuns, passaram por um processo de "beatlelização" que culminou no grandioso e experimental Cosmotron (2003). Em Carrossel (2006), buscaram uma sonoridade menos rebuscada, com influências de folk. Agora em Estandarte, voltam os metais e os "deredauns", mas acompanhados de belos rocks.
Música de Trabalho: Ainda Gosto Dela (participação de Negra Li)
Top 3: Canção Áspera, Escravo e Renascença
Comentário Geral: Mais uma vez o Skank se reinventa e apresenta um legítimo álbum de pop rock nacional, um exemplo a ser seguido por todas as bandas que se aventuram nesse ingrato mercado.
Nota: 9




Banda: Oasis
Álbum: Dig Out Your Soul
Produtor: Davi Sardy
Filho de: Beatles (de novo) com The Who com The Doors com Drogas
Retrospecto: Após os dois primeiros álbuns, os essenciais Definitely Maybe (1994) e (What's the History) Morning Glory (1995), o Oasis lança o chapado Be Here Now (1997), que apesar de trazer grandes hits é um trabalho instável. Na sequência os Galagher vêm há anos batendo na trave. Em Don't Believe the Truth (2005) apareceram mais "maduros", mas ainda assim não conveceram. Agora com o novo álbum mergulharam em guitarras barulhentas e psicodelia.
Música de Trabalho: The Shock of Lightning
Top 3: Bag It Up, Waiting for the Rapture e High Horse Lady
Comentário Geral: Talvez não seja o álbum que o Oasis estava devendo, mas com certeza é o mais divertido e empolgante de vários anos.
Nota: 8

domingo, 2 de novembro de 2008

Araçatuba e Grandes Shows


É, parece que Araçatuba está começando a se tornar um lugar legal para se ver bons shows. Tudo bem, sei que é cedo para uma constatação como essa, mas para uma cidade movida musicalmente por duplas sertanejas e grupos de pagode, poder conferir no prazo de um mês shows de gente como Ludov, Nação Zumbi e Tom Zé, é um sopro de esperança. Isso sem contar no Pub Rock Beer, que além de sua (boa) programação tradicional, já nos trouxe Matanza, Rock Rocket e Autoramas (tá bom vai, Medulla também).

O grande problema da vinda desses shows para Araçatuba, pelo menos no caso dos três últimos (Ludov, Nação e Tom Zé), é que a divulgação não tem o alcance que deveria. Instantaneamente vem o argumento de que shows como esses têm um público restrito mesmo e tal... até concordo, mas não acho que por ser de certa forma "para poucos"(não gosto desse termo), tem que ser mantido em guetos, sempre para os mesmos, creio que quanto mais divulgação melhor, considerando o orçamento para isso claro.

Ludov e Nação Zumbi vieram por meio do projeto Cena Independente Paulista, Araçatuba foi uma das quatro cidades escolhidas para sediar o evento. O Ludov infelizmente não pude ver, mas soube que foi bem fraco de público. O Nação Zumbi, considerando a pífia divulgação do evento, achei que o público foi até razoável. O show foi muito bom, focado no repertório do álbum mais recente, Fome de Tudo, mas com espaço para os clássicos Maracatu Atômico, Manguetown e outros. Som impecável, bom repertório e presença de palco marcante, ou seja, o essencial para um grande show.

Realizado na última quinta-feira, 30 de outubro, pelo Sesc, o show do Tom Zé contou com uma divulgação um pouco maior do que os que já citei, mas ainda assim poderia ter atraído um público muito maior. De qualquer forma, o show me surpreendeu, e muito. Não imaginei que fosse tão bom, não conhecia muitas músicas e não estava tão empolgado, mas fui.

Em alguns momentos imaginei que estivesse em um espetáculo de stand up comedy, tamanha a carga performática do baiano. Entre as músicas, longas e divertidas explicações, contextualizações e conversas mesmo, literalmente um bate-papo com o público, que acompanhava extasiado o que o cantor dizia, e convenhamos: iriam morrer de rir mesmo se ele contasse a piada do pintinho sem cu, mas de qualquer forma estava valendo.

O show foi curto, poucas músicas e muita conversa, mas por outro lado, uma banda afiadíssima - os "crescendos" da música 2001 foram de arrepiar - e uma entrega, liderada pelo maestro Tom Zé, que não se vê com freqüência nem nas bandas iniciantes mais motivadas, digo isso desprovido de qualquer saudosismo, quem me conhece sabe que não penso assim.

No final das contas tive certeza que presenciei um grande show, com a ressalva de que poderia ter atraído mais pessoas, mas tudo bem. Vão dizer que se tivesse muita gente ia estragar o clima intimista do show. Entretanto, quem viu, com certeza irá concordar que com aquele domínio de palco, seria indiferente 10 ou 10 mil pessoas assistindo.

Ficamos então na espera de mais shows, que isso melhore cada vez mais. Parece que o Vanguart está a caminho pela segunda vez, fica o aviso, não percam.

domingo, 7 de setembro de 2008

Keep on Rockin' in the Free World

Há um tempo postei aqui no blog uma "Resenha Fictícia" sobre o Júnior Lima (sim, o da Sandy). Pois bem, a profecia se realiza, não exatamente como escrevi, mas lá vem o rapaz com uma banda de ROCK 'N ROLL. Bem assim mesmo, grande, forte, barulhento, com direito a ImI e tudo, pelo menos é o que os integrantes da banda levam a crer.

O grupo, chamado Nove Mil Anjos, é formado pelo baixista Champignon (ex-Charlie Brown Jr.), pelo guitarrista Peu Souza (ex-Pitty), Perí (ex-O Guarani, hehe, sei lá de onde esse cara veio) nos vocais e Júnior na bateria. Pois é, parece que o filho do Xororó não vai cantar.

Eles prometem "muito barulho" no vídeo postado na página da banda. Aliás, um vídeo que mostra um pouco da "vibe" do grupo. Júnior de moicano abraçando Champignon, no melhor estilo "somos irmãos", Peu cantando Hey, Hey, My, My com o baixista fazendo beatbox (nem o pobre Neil Young escapou) e o vocalista... onde diabos estava o vocalista?

O álbum, que está sendo gravado em Los Angeles, tem, segundo o portal G1, produção do argentino Sebatian Krys.

Confira o vídeo.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Desconstruindo Beatles






Saiu no IG, mas foi tirado do Toy Zone, lá tem também outras capas de álbuns transformadas em lego, como Nevermind, Is This It e outros. Bacana.

sábado, 2 de agosto de 2008

God Save the Joker

A repercussão do novo filme do Batman (Cavaleiro das Trevas) tem sido enorme desde o seu lançamento, muitos dizem ser a melhor adaptação cinematográfica de super-heróis dos últimos tempos, mas outros apontaram brechas no roteiro e outras lambanças já velhas conhecidas de quem acompanha a carreira do diretor Cristopher Nolan.

Não posso opinar pois ainda não tive a oportunidade de assistir. Justificativa: o cinema mais próximo da minha cidade fica em Araçatuba, e estão fazendo o favor de exibir o filme apenas em versão dublada. Sinceramente, prefiro esperar o DVD. Será que o pessoal do cinema acha que o filme é infantil?

Sou fã confesso do homem-morcego, acompanhei por algum tempo suas sagas nos quadrinhos e sempre gostei muito. No cinema, gosto dos dois do Tim Burton (Batman e Batman, o Retorno) e acho bem ruim os do Joel Schumacher (Batman Eternamente e Batman & Robin). Quanto ao Batman Begins, primeiro do Nolan como diretor, me decepcionei bastante. Parecia que daria certo, bom elenco, boa produção, a idéia de resgatar o início de tudo... mas algo descambou.

Aquele negócio de lutar contra os próprios medos acabou me cheirando filosofia barata, até poderia ter algum aproveitamento na história, mas ficou perdido no filme, totalmente gratuito. Sem contar a sacanagem que fizeram com o Espantalho, quem conhece a história sabe que ele é muito mais do que aquele "pau mandado", como foi caracterizado, e olha que eu gosto muito do Cillian Murphy, o cara que teve a tarefa ingrata de interpretar o vilão. Tomara que tenham consertado a cagada no Cavaleiro da Trevas.

Bom... mas tudo isso foi para dizer que considero o Coringa o vilão mais sensacional de todos os tempos. Estou muito curioso para conferir o Heath Ledger como o palhaço, mas confesso que acho difícil superar o Jack Nicholson (Batman).

Recentemente reencontrei uma revista minha que gosto muito: Coringa: Advogado do Diabo(1997). Sinta o drama da história:

"O Coringa vai ser executado por um crime que talvez não tenha cometido. Somente o Batman pode provar sua inocência, mas... será que ele deve?"




História de Chuck Dixon e arte de Grahan Nolan. Sensacional.

Com tudo isso, estive pensando na possibilidade de um filme só do Coringa, nem acho que essa idéia esteja tão distante, mas a pergunta que fica é: quem interpretaria o palhaço? Heath Ledger morreu. Jack Nicholson não sei se ainda seria uma boa alternativa, afinal ele já é um senhor não? mas quem sabe né...

Se alguém tiver algum palpite, comente. Eu sinceramente ainda não sei em quem votaria, tenho que pensar, mas independente da possibilidade desse filme vir a acontecer, o verdadeiro Coringa pensaria a mesma coisa de qualquer um que ousar interpretá-lo...


sábado, 26 de julho de 2008

Agora vai?

Mais uma vez circulam boatos sobre a vinda do Radiohead ao Brasil. E mais uma vez deu no blog do Lúcio Ribeiro:

"Os shows da América do Sul foram confirmados sexta-feira em Buenos Aires pelo dono dos shows da América Latina, o empresário Daniel Grinbank, da DG Médios Argentina"

"As palavras exatas de Grinbank, o homem que já trouxe Stones, U2, Madonna e Paul McCartney, foram: 'Definitivamente, y esto está absolutamente confirmado salvo que pase algo, Radiohead va a estar en Sudamérica entre fines de marzo y principios de abril el año que viene'".
Veremos...

Coincidente, nessa semana estive fuçando nas minha revistas e encontrei uma SHOWBIZZ de 1998, na época que o Pedro Só era o editor-chefe. A matéria de capa era sobre a vinda de Rolling Stones, Bob Dylan e Oasis ao Brasil. No final da reportagem tinha algo semelhante a famosa tabelinha do Lúcio de bandas com possibilidade de vir ao país. Para meu espanto, entre muitas outras bandas e cantores, quem figurava a lista de "Quem nunca veio e gostaríamos que viesse"? Thom Yorke e sua trupe já estavam lá, 10 anos atrás. Segue abaixo a lista, uns vieram outros não, e alguns até já encerraram atividades.

P.S.: Na época eu tinha o estranho hábito de rabiscar revistas. Você pode notar na figura uns triângulos e traços, hoje não faço a menor idéia do que significam. Felizmente fui curado dessa mania.







Mais detalhes interessantes da revista:


Matéria sobre possível novo vocalista do Sepultura, na época ainda sem nome revelado.


Especulações sobre o próximo álbum do Guns N' Roses (Sim, é o que você está pensando)


Sessão chamada "Rock Food". Uma lista de junk food como donuts e chili dog (!!!)


Nota sobre uma banda nova chamada Los Hermanos, conhece?

sábado, 5 de julho de 2008

Revirando o Baú

Esse texto foi escrito em 21/10/2006 e publicado no meu antigo blog. Estava ouvindo essa semana o álbum solo do Roddy Woomble, vocalista do Idlewild, e me deu vontade de publicar novamente o texto, aí está.



Será que é preciso inovar?



Frequentemente vemos o surgimento de bandas tidas como promessa, é quando escutamos aos montes classificações como “A Salvação do Rock” ou “O Novo Nirvana”. É inegável que muitos desses grupos são realmente muito bons, e boa parte deles consegue visibilidade devido a algum diferencial em seu som, mesmo que esse diferencial seja ser retrô. Mas às vezes nos esquecemos que além de todo esse fenômeno “Hype”, existem bandas que, se não trazem nenhuma inovação, fazem um rock sincero e competente.

Um desses grupos que cativam pela falta de ambição é o Idlewild. A banda teve também sua fase de “Next Big Thing”, mas alguns anos atrás essa característica não tinha a mesma efervescência que tem hoje, talvez por isso eles estejam um pouco esquecidos atualmente, principalmente no Brasil.

Surgido no ano de 1995 em Edimburgo, Escócia, o grupo teve em sua primeira formação Roddy Woomble: Vocal, Rod Jones: Guitarra, Bob Fairfoull: Baixo, e Colin Newton: Bateria. Em 2002 Fairfoull foi substituído por Gavin Fox, e ainda Allan Stewart foi adicionado nas guitarras. Em 1998 é lançado o EP Captain contendo seis músicas, entre elas as furiosas “Captain” e Self Healer”, com uma voracidade quase punk, além da dissonante “You Just Have To Be Who You Are”. E nessa mesma linha é lançado ainda em 1998 o primeiro álbum, Hope is Important.

A sonoridade se aproxima em alguns momentos até do hardcore, mas sem abrir mão dos ecos pop, daqueles que parecem nos dizer que muita coisa boa vem por aí. É interessante notar a diversidade (sem perder a identidade) que se vê no álbum colocando lado a lado pérolas pop como “Whem I Argue I See Shapes” e canções tensas como “Low Light”, em que a frase “Turn the lights down when you cry” é repetida por quase toda a música (sem parecer emo, é bom lembrar).

Em 2000 é lançado o álbum 100 Broken Windows. Considerado por boa parte da crítica o melhor trabalho da banda. As influências do punk rock são trocadas por altas doses de R.E.M., mas ainda assim mesclando com maestria distorção e boas melodias. Seja na beleza de “These Wooden Ideas” ou no peso de “Idea Track” se destaca no disco a poesia das letras de Roddy Woomble. Nessa época os escoceses excursionaram com Placebo e Manic Street Preachers.

O álbum seguinte seria a prova definitiva para a banda firmar seu nome no mercado e na crítica. The Remote Part de 2002, entretanto, dividiu opiniões, muitos disseram ser o reflexo do amadurecimento do grupo, outros acusaram o caráter mais “suave” das músicas de ser uma estratégia para melhores vendagens, e ainda alguns definiram o álbum como “Emocore para as massas” (!!).

No disco, podemos ver realmente canções mais brandas, mas também petardos como “The Modern Way of Letting Go” e “Out of Routine”. O amadurecimento é nítido em canções como “You Held The World in Your Arms” que equilibra peso, melodia, violinos e uma das melhores letras de Woomble: “When you're secure do you feel much safer? When days never change and it's three years later, It's like your life, hasn't changed and it's three years late, How does it feel to be three years late and watching your youth drift away?”. Ou ainda na música “American English”, considerada por muitos uma das melhores canções do ano. Comercialmente também foi o melhor momento dos escoceses.

Outra composição que merece ser destacada é a faixa que fecha o álbum, “In Remote Part/Scottish Fiction”. Canção suave com uma bela melodia, quando parece que vai chegar ao final é cortada por uma rajada de guitarras, formando o pano de fundo para o poeta escocês de 82 anos, Edwin Morgan, recitar seu poema “Scottish Fiction”, arrepiante.

Em 2005 é lançado Warnings/Promisses. Foi considerado por muitos uma decepção na carreira do Idlewild. O álbum apresenta boas canções como “Love Steals Us From Loneliness” e “El Captain”, mas mantem a mesma linha do trabalho anterior, talvez essa fosse a hora da banda arriscar um diferencial (aquele citado no início do texto) para seu som.

Paralelo a carreira do grupo, Roddy Woomble lança em 2006 seu primeiro trabalho solo, “My Secret is my Silence”. Woomble surpreende com um álbum de uma delicadeza incrível, se aproxima do folk e de músicas escocesas, nos presenteando com belas canções e novamente ótimas letras, que são ainda mais valorizadas nos duetos de Roddy com as cantoras folk Kate Rusby e Karine Polwart.

Mantendo a periodicidade de álbuns a cada dois anos, em 2007 será lançado Make Another World, marcando a volta do produtor Dave Eringa, que havia trabalhado com o grupo em 100 Broken Windows e Remote Part. Vamos esperar então que em meio a tantas “incríveis descobertas”, o Idlewild volte dando continuidade (com ou sem diferencial) a sua trajetória marcada pela simplicidade que nos leva ao questionamento do porque essas músicas nos cativam tanto.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Mexidão

* Bom... assisti Não estou lá, estou meio chapado até agora, só posso dizer que curti muito, mas não estou em posição de fazer comentários muito específicos, ainda estou digerindo o filme (ainda Não estou lá... ai que engraçado). Meu pai curtiu, minha irmã odiou. Desde então Ballad of a thin man não me sai da cabeça. Só depois fui saber que a versão que toca no filme é do Stephen Malkmus, cheguei a pensar que fosse a Cate Blanchett cantando.

* Ouvi algumas faixas do Chinese Democracy (isso, aquele...) do Guns no blog do Paulo Terron. Gostei de Rhiad and the bedouins, a faixa-título também é bacana. Apesar de não ser pós-graduado em Guns'n Roses posso dizer que é bem diferente do que os fãs conhecem e/ou esperam, mas o dia que o álbum for lançado, se for, a gente conversa...

* Assisti pela primeira vez alguns episódios do seriado House. Gostei. Dr. Gregory House é um cara cool, as vezes até demais. As tiradas do Dr. são muito boas, nem precisava dos efeitos médico-tecnológicos do seriado. Ah, e a abertura com trilha do Massive Attack é demais.

* Fui atrás, depois de muito ouvir falar, do Vampire Weekend. Sinceramente, não vi a menor graça. Talvez tenha ouvido em um mau dia, mas soou para mim como mais uma bandinha pós-punk, mas essa descobriu alguns tambores. Acho que exagerei um pouco...

* Assisti A vida dos outros. Bacana, nada mais que isso. Fala de um "farejador" da Alemanha socialista que aparenta não ter sentimentos, mas se envolve emocionalmente com a história de um dos seus rastreados, um diretor de teatro com idéias subversivas. Vale dar um conferida.

* Ahh, fiz um música. Fazia tempo que não compunha nada. Não tem nome ainda, na verdade nem está concluída, mas pelo menos já gravei o básico dela. Ficou um pouco diferente das coisas que já fiz, achei um pouco mais agressiva (!!) se conseguir gravar com um pouco mais de qualidade posto por aqui, ou não...

terça-feira, 10 de junho de 2008

Nó na garganta 5

Elvis Presley - The Unchained Melody (1977 - The Last Concert)

Uma decadência bonita. Triste, mas ainda assim bonita, até poética.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Quadrilha

Weezer lançou álbum vermelho

.........................Guillemots também

..............................Lost terminou mais uma temporada

.........................................................Corinthians ganhou

..........................................Morrissey vai lançar este ano

.......................Amy Winehouse está se decompondo

..........Lúcio Ribeiro desabafou

........................Obama segue em frente

..................................CSS lança nova música

...........................................CPMF volta como CSS (Opa!)

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Arcade Fire - Keep the car running

Estou postando este vídeo porque... Sei lá porque, simplesmente quero que mais pessoas vejam como o Arcade Fire é sensacional. Esta música está presente no último álbum deles, "Neon Bible", o primeiro lugar da minha lista dos melhores de 2007.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Vanguart para todos!


Mais uma vez a Praça João Pessoa, em Araçatuba, foi palco de momentos sublimes musicalmente falando. Tempos atrás, Lirinha e seu Cordél do Fogo Encantado comandaram instantes de enternescimento dos felizados que puderam conferir sua intensa apresentação.



Algum tempo depois, fruto do louvável projeto Virada Cultural Paulista, uma banda em ascenção no mercado independente dá o ar da graça em Araçatuba. O quinteto cuiabano Vanguart coleciona em sua carreira muitos elogios, tanto de crítica quanto de público. O hit "Semáforo" virou hino em qualquer ambiente underground que se preze.



Confesso que, quando fiquei sabendo do show, tive receio de que uma banda de tal qualidade pudesse se deparar com um público indiferente à seu trabalho. Inevitavelmente muitos ali presentes, no momento da apresentação, não sabiam bulhufas do que iriam ver no palco, mas, felizmente, com destreza de quem parecia saber lidar com todo tipo de platéia, o jovem Hélio Flanders conduziu o show com classe e bom humor.







O ambiente parecia de afronta, principalmente em se tratando de uma banda relativamente nova, o público estava todo sentado, acomodado nos bancos da praça e atento a cada movimento executado no palco. Era possível identificar várias "tribos" - se é que posso dizer assim - no local, desde garotos e garotas com a já característica indumentária "Emo", até famílias com crianças, algodão-doce e tudo o mais...



O clima era propício para o bate-papo entre banda e público, o que muitas vezes é um pesadelo para o artista. Diante disso, Flanders agiu com muita naturalidade, fazendo piada a respeito do baixista Reginaldo Lincoln, que fez o show sentado devido a uma fratura que sofreu no pé, e explicando a origem das letras de várias músicas tocadas, no melhor estilo Storytellings.



As canções eram apresentadas uma a uma - a muitos pela primeira vez - todas bastante aplaudidas. Durante toda a apresentação o tom foi familiar, intimista, até nos momentos mais intensos, como na cavalaria de "Hey Yo Silver". É importante destacar os belos climas de "My Last Days of Romance", "Los Chicos de Ayer" e "First Time I Saw You", momentos memoráveis do show. O encerramento, como não poderia ser diferente, foi com "Semáforo", visivelmente a mais conhecida pelo público que compareceu.



Os que não conheciam o trabalho do Vanguart, no mínimo passaram a respeitar os folk-rockers de Cuiabá. Os que já conheciam, certamente saíram dalí com a certeza de ter visto uma apresentação brilhante de uma banda afiadíssima, com um vocalista carismático, e um leque de composições que ainda trarão muitos frutos. Ao Vanguart, com toda certeza muitos "Semáforos" estão por vir, e seguindo nesse ritmo, o sinal estará sempre verde para vocês. Heeeeeeeey Yooooo Siiiiiiiillllllveeeeeerr!!!



terça-feira, 13 de maio de 2008

Virada Cultural em Araçatuba

A Virada Cultural chega ao interior. Se tudo correr bem devo conferir alguns shows em Araçatuba, pretendo ver o Vanguart, e conforme forem as coisas assisto também o Viper e a Pitty. Ano passado não pude acompanhar nenhuma atividade da Virada Cultural em Araçatuba, perdi shows do Ultraje a Rigor, Raimundos entre outros.

Possivelmente farei um post caprichado com fotos bacanas e impressões dos shows.


Haaaaaaio Silveeeeeeeeeer!!!!!!!!!!!

terça-feira, 6 de maio de 2008

I'LL BE BACK

terça-feira, 15 de abril de 2008

Resenha Fictícia 2

Junior Lima - Ar Puro

Nota: 7,5



Argumento 1: Pai famoso + tio famoso + irmã famosa + vida de artista-mirim + milhões de álbuns vendidos = sucesso e carreira promissora.
Argumento 2: Pai famoso + tio famoso + irmã famosa + vida de artista-mirim + milhões de álbuns vendidos = cobranças monstruosas.

Agora imagine quando o integrante da dupla que, sempre foi acusado por muitos de ficar à sombra da parceira/irmã, resolve se lançar em carreira solo. Desconfianças e pré-julgamentos não faltam por parte de público e crítica.

Depois da turnê do álbum "Acústico MTV" da dupla Sandy & Junior, os irmãos encerraram suas atividades em conjunto, passando cada um a seguir seu caminho. Enquanto Sandy (que continua sendo só Sandy) faz participações em programas de TV e novelas, Junior (que agora é Junior Lima) lança seu primeiro álbum solo, onde compôs todas as músicas, tocou guitarra, violão, percussão, bateria, foi co-produtor e vocalista, sim, eu disse vocalista.

"Ar Puro" é um trabalho que merece vários destaques e observações. É importante ressaltar logo de cara que o cantor soube driblar muito bem suas limitações vocais, não se arriscou em timbres mirabolantes, mas também não se escondeu atrás do instrumental, difícil explicar, só ouvindo.

A encarregada de abrir o álbum é "Tente Voar", um soul sexy irresistível, a lá Marvin Gaye, guitarra econômica, percussão e vocal sussurado. Em seguida a música de trabalho "Buscando Paz", levada por um violão, lembra Skank em suas baladas.

As letras não trazem muitos atrativos, em sua maior parte falam de amor e relacionamentos, correspondidos ou não. Quando tentam ser mais "atuantes", como no roquinho "Tudo Errado", resvalam em clichês como "O mundo está errado/onde vamos parar".

Em "Até Onde Vai", o violãozinho é trocado por um batidão frenético, a clara influência de Justin Timberlake (fase sexyback) traz um ar de novidade ao trabalho. As músicas de modo geral são interessantes individualmente, mas como conceito de álbum soam um tanto desconexas, reflexo da geração mp3. Segundo informações, foi cogitada a possibilidade, posteriormente descartada, do álbum ser lançado anteriormente na internet, sendo disponibilizado faixa por faixa no site do cantor.

As únicas participações especiais foram de Marcelo Camelo, com quem Junior já havia dividido o palco no Acústico MTV, e da irmã Sandy, que aparece por aqui apenas por uma questão doméstica, pois os vocais de apoio que fez em "Sombra e Água Fresca" poderiam ser feitos por qualquer outra backing vocal, talvez o resultado seria até melhor. A participação de Camelo protagoniza um dos melhores momentos do álbum, a melancólica "Tarde de Sol", onde os dois violões fazem a "cama" para os vocais do Hermano sobrepostos aos de Junior.

A faixa que fecha o disco é a nostálgica "Casa Grande", um folk de fazer inveja a Mallu Magalhães. A melhor letra do álbum. A sinceridade se mostra clara quando o cantor fala com alegria de sua infância e da tradição rural de sua família.

Segundo o cantor, o título do álbum se refere à fuga do sufoco que o mundo passa hoje, com problemas ambientais, conflitos políticos, religiosos, etc. Considerando, entretanto, o histórico dessa nova fase de Junior, esse "Ar Puro" é totalmente cabível a sua própria liberdade. Depois de vários anos preso na vala pop e nas comparações com a irmã, o músico procurou se libertar dessas amarras de forma compulsiva, o que apesar de tornar o trabalho confuso com seus vários estilos, atribui a ele uma carga interessante e significativa de sinceridade.

Tracklist:

1 - Tente voar
2 - Buscando Paz
3 - Até onde vai
4 - Sempre vou tentar
5 - Tudo errado
6 - Sombra e água fresca
7 - Diretamente
8 - Por acaso
9 - Simplicidade
10 - Tarde de sol
11 - Casa grande

(Obs: Este texto é fictício, inteiramente fruto da minha imaginação)

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Nó na garganta 4

"Acordei com o sol rubro do fim de tarde; e aquele foi um momento marcante em minha vida, o mais bizarro de todos, quando não soube quem eu era - estava longe de casa, assombrado e fatigado pela viagem, num quarto de hotel barato que nunca vira antes, ouvindo o silvo das locomotivas, e o ranger das velhas madeiras do hotel, e passos ressoando no andar de cima, e todos aqueles sons melancólicos, e olhei para o teto rachado e por quinze estranhos segundos realmente não soube quem eu era. Não fiquei apavorado; eu simplesmente era uma outra pessoa, um estranho, e toda a minha existência era uma vida mal-assombrada, a vida de um fantasma. Eu estava na metade da América, meio caminho andado entre o Leste da minha juventude e o Oeste do meu futuro, e é provável que tenha sido exatamente por isso que tudo se passou bem ali, naquele entardecer dourado e insólito."


Passagem do livro "On the Road - Pé na Estrada" (1957)
do escritor beat norte-americano Jack Kerouac (1922-1969)

terça-feira, 1 de abril de 2008

Doors no interior (quase), R.E.M. Punk e Raconteurs novo

* Quase vi o Doors! pois é... por muito pouco a banda Riders on the Storm, formada por dois remanescentes do The Doors, não fecha apresentação em São José do Rio Preto. O grupo tem apresentações marcadas em São Paulo, Brasília e Porto Alegre, logo após segue para Buenos Aires, Santiago, Lima e Quito, após essas apresentações eles voltariam ao Brasil no dia 24 de abril para tocar em São José do Rio Preto - segundo informações, as possibilidades da vinda à cidade chegaram a 70% - mas a banda preferiu seguir para Caracas. O Riders on the Storm, além dos mebros originais do The Doors: Ray Manzarek e Robbie Krieger, conta com o vocalista Brett Scallions, ex-Fuel.

Leia a matéria no Diário Web:
http://www.diarioweb.com.br/eventos/corpo_noticia.asp?idGrupo=7&idCategoria=42&idNoticia=106144


* Primeiras impressões: ouvi apenas uma vez o novo trabalho do R.E.M., "Accelerate", o que posso dizer é o mesmo que tem pipocado em vários blogs e sites por aí, é o melhor álbum da banda dos últimos anos. O título traduz bem o estado de espírito das músicas, curtas diretas e barulhentas, me lembrou um pouco o "Monster", outro álbum sensacional deles. Acho louvável quando uma banda que já é considerada "medalhão", ou seja, já está correndo aquele risco de lançar trabalhos cada vez mais "maduros" e chatos, aparece com um petardo como esse. Obs: O Caetano fase "Cê" é outra história.


* O projeto de Jack White e Brendan Benson volta com seu segundo álbum, "Consolers of the Lonely". Não ouvi ainda, mas o que tem circulado por aí é que é bom, nada de fenomenal, mas um bom álbum de Rock'n Roll, na minha opinião isso já vale, e muito.

I'm not there


Rolling Stone: Como você se vê? Um poeta, um cantor, uma estrela do rock, um homem casado?

Bob Dylan: Todos esses. Como homem casado, poeta, cantor, compositor, guardião, porteiro... Tudo isso. serei todos. Eu me sinto confinado quando tenho que escolher um ou outro. Você não se sente?



Bob Dylan em entrevista a Rolling Stone americana em novembro de 1969.
A Rolling Stone Brasil publicou a entrevista em fevereiro de 2008.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Nó na garganta 3

O fim da música como arte - Violins
*
Deu hoje no jornal
As vítimas não têm o que comer
E você vem me falar em música, música, música
A morte tão banal de homens e mulheres na TV
E você quer vir cantar pra mim música, música, música
*
Também quero me esconder no refrão e no clichê
Mas não, não tem lugar pra mais não, tenha santa paciência rapaz
*
Há música demais
Naõ é preciso que você vá escrever um tanto mais de música, música, música
O mundo vai explodir, na China já não cabe mais chinês
E você quer povoar o ar com música, música, música
*
Também quero me esconder no refrão e no clichê
Mas não, não tem lugar pra mais não, tenha santa paciência rapaz
*
Procure um pouco mais
Há tanta música pra gente descobrir e ouvir
Dá pra passar o resto da sua vida rústica escutando música
Rústica escutando música
*
Também quero me esconder no refrão e no clichê
Mas não, não tem lugar pra mais não, tenha santa paciência rapaz
*
Nós não temos nada pra dizer, não temos nada para acrescentar
Nós não temos nada pra dizer, não temos nada para acrescentar
*
(Beto Cupertino)
*
*
Letra da música O fim da música como arte, da banda goiana Violins. É a faixa que fecha o quarto álbum do grupo, "A Redenção dos Corpos".
*
Certamente, se essa música tivesse sido lançada em 2007, eu a teria citado em meu trabalho de conclusão de curso (jornalismo). Fiz uma audiorreportagem intitulada "Canções de protesto: as outras vozes do Brasil". Abordei em meu estudo canções que carregam crítica social em suas letras, desde o período de regime ditatorial até os dias atuais. em dado momento do meu relatório citei algumas bandas independentes atuais (o Violins estava entre elas) que usam a crítica social de forma criativa em suas letras, e essa música com certeza seria bastante ilustrativa e cabível.

terça-feira, 11 de março de 2008

Resenha Fictícia 1

Charlie Brown Jr. - Charlie Brown Jr.

Nota: 8,5




Pois é... o improvável aconteceu, Chorão tomou jeito. Quando ninguém (fora os milhares de fãs incondicionais) esperava mais nada da banda, tida por muitos como uma das mais descartáveis da década de 90/00, surge um sopro significativo de inspiração.

Em seu nono álbum de estúdio o Charlie Brown Jr., enfim, lança um trabalho digno de nota. Nessa nova empreitada tudo remete à simplicidade, começando pelo título (homônimo). As letras, se não trazem nada muito profundo, também não pecam pelo excesso, todos aqueles temas repetidos a exaustão como: "Malandro é malandro, mané é mané", "A vida me ensinou...", entre outros, ficaram para trás, com excessão da irônica faixa de abertura, "Atttitttude", em que Chorão diz: "Não quero mais agir/não quero mais lutar/já lutei pelo que é meu/hoje isso me faz gargalhar", em uma clara auto-sabotagem.

Na seqüência vem "Maremoto", música levada por uma linha de baixo pulsante, onde a voz se mantém grave do início ao fim, a bateria marcial só muda com as explosões secas e repentinas da guitarra de Thiago. Outra característica marcante do álbum é o fato de que o amadurecimento (tardio, mas bem vindo) de Chorão, refletiu em seus comparsas, conhecidos por fírulas tão monumentais quanto desnecessárias em seus respectivos instrumentos, aqui tudo parece bem mais econômico e bem posicionado.

A quinta faixa é a música de trabalho, "Você sabe muito bem", uma canção de amor claramente influenciada por Red Hot Chili Peppers fase Californication. Tranquila e melodiosa, talvez até um pouco morna, principalmente como carro-chefe.

Ainda sobra espaço para a ótima "Rubão foi pro céu", continuando a saga do personagem criado pela banda, agora ele vira evangélico e muda de vida: "Rubão continua largado e fudido/mas agora acredita ser um protegido/de sua outra vida ele não gosta nem de lembrar/mas na verdade ele tem medo é de se amarrar". A última faixa (apenas 10 no total), é a ensurdecedora "Half Pipe", a barulheira infernal nos deixa a clara sensação de tontura, o resultado é bem interessante.

A única escorregada é no rap "Noites Claras", o nome da música é uma alusão a "clarões" de balas perdidas. A tentativa da sonoridade crua resulta em algum cover mal feito dos Racionais MCs.

Essa virada na carreira do Charlie Brown Jr. é realmente muito interessante, e mais ainda intrigante, afinal, a que, ou a quem se deve essa mudança? não acredito que seja apenas pelo fato do grupo não trabalhar mais com o produtor Rick Bonadio, embora isso tenha seu peso. O que importa, no entanto, é que o produto final foi satisfatório, agora só falta nosso amigo Chorão parar de arrumar encrenca com jornalistas, em aviões, quebrar narizes alheios, entre outras coisas. Mas se o som ele conseguiu mudar, o temperamento vai ser moleza.


Tracklist

1 - Atttitttude
2 - Maremoto
3 - Ruas quentes
4 - Sem palavras
5 - Você sabe muito bem
6 - Subir
7 - Rubão foi pro céu
8 - Mãos ao alto
9 - Noites claras
10 - Half Pipe

quinta-feira, 6 de março de 2008

A mulher perfeita...

A mulher pefeita deve ser...

doce como a Aimee Mann
sexy como a Scarlett Johansson
versátil como a Cate Blanchett
suave como a Joni Mitchell
insana como a Björk
determinada como a Beatrix Kido
misteriosa como a Penny lane
firme como a Rainha Elizabeth
sensível como a Céu
desencanada como a Lovefoxxx
favorecida fisicamente como a Flávia Alessandra
precoce como a Mallu Magalhães
sombria como a Clarice Linspector
cool como a Kim Gordon
quente como a Marylin Monroe
surpeendente como a Madonna
rica como a J.K. Rowling
corajosa como a Veronica Guerin
instigante como a Tristessa

(...)

No final das contas, por que encontrar todas essas características em uma mulher só se podemos contemplar em várias?

bah... dane-se o perfeito...

sábado, 1 de março de 2008

Nó na garganta 2

"Enquanto isso, vamos deixar como excalibur, o mito, a lenda repousar, pois as sementes não foram em vão, elas aguardam em hibernação pela chuva, pois sei o quão fértil era o solo em que nós as plantamos, pois as plantamos bem fundo nos seus corações e almas, e dali, difícil será retilá-las, e talvez, quando a saudade e o vazio se fizerem insuportáveis e o silêncio for ensurdecedor, talvez a nossa música possa ressurgir e adocicar nossos ouvidos e suavizar nossas almas, até então eu aguardo, aguardemos..."

Trecho da declaração de Sérgio Dias em 1978
decretando o fim dos Mutantes

Nó na garganta 1

"Eu vi as melhores mentes da minha geração destruídas pela loucura, esfomeados nus e histéricos, arrastando-se pelas ruas negras do poente à procura de um rancor injetável"

Trecho do poema "The Howl" (1955)
do poeta beat Allen Ginsberg

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Lost in the Yorkeland




Previously on lost:


Henry Gale, Benjamin Linus, o Zep de Jogos Mortais I, THOM YORKE?! Quem será essa figura tão importante na saga do sobreviventes do vôo Oceanic?!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Como uma pedra que rola


Foto: Daniel Kramer, 1965

Não sou muito adepto do blog como "Meu querido diário, hoje acordei triste e bla bla bla...", mas por hoje abro uma excessão. Me aproprio da justificativa (leia-se desculpa esfarrapada) que por mais que seja um "causo" pessoal, tem música envolvida na história.


Bom, vamos lá... faço parte de uma banda com o repertório baseado em covers dos anos 50, 60, 70 e 80, sou baixista e eventual vocalista. Minha maior vontade é ter um projeto com composições próprias, mas enquanto isso não é possível gosto e me divirto bastante com a banda da qual faço parte, a propósito o nome é Vinill.


Como disse sou eventual vocalista, só canto musicas mais adequadas a meu tipo de voz (grave), o que compõe uma pequena parte do repertório, mas nunca escolho o que cantar, as coisas seguem bem esse padrão que citei, o do tipo da voz adequada.


Apenas uma vez, selecionando músicas para o repertório, me prontifiquei e interrompi a música dizendo: "essa eu quero cantar heim!", era "Like a Rolling Stone". Essa música sempre representou muito para mim, não sei exatamente porque, mas como ninguém da banda contestou ficou decidido.


Nunca conseguimos apresentar essa canção em nossos pequenos shows, uma vez porque não tinha ficado legal no ensaio, outra porque eu não conseguia decorar toda a letra e assim por diante.


No último domingo ensaiamos alguma músicas que estavam meio esquecidas no repertório, e entre elas estava o clássico de Bob Dylan. O problema é que venho passando por umas complicações na garganta, inclusive já havíamos combinado que não passaríamos as músicas que eu cantava, tentamos uma ou outra, mas logo no começo já era interrompida por um acesso de tosse. Mas "Like a Rolling Stone" é especial, e há tempos nem ensaiávamos ela, então, depois de alguma insistência (bem pouca na verdade), resolvi tentar.


E a música seguia, os versos saiam com o sofrimento de quem tem uma arma apontada pra cabeça, mas seguia. Cada "How does it feels" parecia que eu dizia a mim mesmo, mas os versos iam seguindo, e nossa sala de ensaio estava recheada de sorrisos, na verdade talvez nem estivesse, mas era o que eu sentia. Poderia romantizar mais a história dizendo que nunca havia cantado essa música tão bem, mas não seria verdade, alguns deslizes foram inevitáveis, mas nada muito prejudicial. Quando foi executado o dó maior final da música parecia que meus pés estavam voltando ao chão, minha satisfação era nítida. Obviamente não cantei mais nada nesse dia, mas já estava satisfeito.


Engraçado isso acontecer em uma época que estou ouvido incansavelmente o Blonde on Blonde, e quase as vésperas das apresentações de Dylan no Brasil. Infelizmente não vou poder conferir os shows, mas fico aqui na certeza que serão memoráveis, e fico também com a lembrança de quando Dylan me curou, pelo menos durante os quase 6 minutos da grande "Like a Rolling Stone"

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Lista - Melhores Álbuns de 2007 (Nacional)

1# Violins – Tribunal Surdo

A melhor definição que ouvi para o trabalho mais recente desses goianos é que o álbum é um soco no estômago. Realmente, a crueza das letras de “Anti-herói (parte 1 e 2)”, “Campeão Mundial de Bater Carteira”, e principalmente “Grupo de Extermínio de Aberrações” podem causar náuseas e outros sintomas típicos de quem percebe que dias piores virão. Todo o lirismo e as lamúrias (criticados por alguns) dos álbuns anteriores continuam presentes, mas dessa vez cobertos por uma espessa camada de sujeira, seja nos acordes ou nas palavras.

TOP 3: “Grupo de Extermínio de Aberrações” – (3’23”)
“Campeão Mundial de Bater Carteira” – (4’28”)
“Anti-herói (parte 1)” – (4’19”)

2# Superguidis – A Amarga Sinfonia do Superstar

O elogiado álbum de estréia do Superguidis (2006) era puro frescor adolescente. Neste segundo trabalho podemos dizer que os rapazes estão mais maduros, mas felizmente no melhor dos sentidos. Os temas adolescentes continuam, mas dessa vez imersos numa bela nostalgia. Nunca pensei que poderia me emocionar com frases como “Bicicleta aro 15, tênis com cheiro de chiclete...”.




TOP 3: “Mais um Dia de Cão” – (2’45”)
“Parte Boa” – (2’49”)
“Mais do que isso” – (4’01”)


3# Terminal Guadalupe – A Marcha dos Invisíveis

A competência do Terminal Guadalupe já havia sido atestada em seu primeiro álbum Você Vai Perder o Chão (2005). Agora com A Marcha dos Invisíveis vêm a comprovação, letras inteligentes aliadas a boas guitarras e ótimas melodias pop. É fácil notar a influência do Legião Urbana (se alguém pensou em Catedral esqueça), tanto no discurso quanto na entonação.

TOP 3: “De Turin a Acapulco” – (4’20”)
“Pernambuco Chorou” – (3’37”)
“Atalho Clichê” – (4’40”)


4# Los Porongas – Los Porongas

“Rock Amazônico”, “Green Indie”, nada mais inspirador para rótulos esdrúxulos que uma banda de rock vinda do Acre, mas que o Los Porongas é uma excelente banda não é mais segredo para ninguém. Algumas letras podem causar certo estranhamento no início, mas é só aguardar um pouco e perceber como a coisa flui como poucas bandas no país.

TOP 3: “Espelho de Narciso” – (5’54”)
“Enquanto uns Dormem” – (5’01”)
“Como o Sol” – (5’23”)



5# Vanguart - Vanguart

Uma das bandas independentes mais festejadas de 2007 corresponde as expectativas com seu primeiro álbum. Misturando composições em inglês e português o disco traz em suas músicas um folk rock com frescor de novidade e um vocalista “thomyorkiano”.

TOP 3: “Para Abrir os Olhos” – (2’39”)
“Los Chico de Ayer” – (3’26”)
“Semáforo” – (3’49”)

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Lista - Melhores Álbuns de 2007 (Internacional)

Listas. Tão inúteis quanto essenciais. Desde as mais comuns como “os melhores do ano”, até exemplos mais específicos como “as melhores músicas com nome de mulher”, e por aí vai. Todas, entretanto, têm sua importância, mesmo que perdida na falta do que fazer de quem a escreve.

Nada melhor então, para o mês de janeiro e pra inaugurar o blog, que minha lista dos 5 melhores álbuns de 2007, primeiro os internacionais, e logo logo os nacionais, com direito a indicações de músicas e outras coisas mais.


Disco Internacional:

1# Arcade Fire – Neon Bible
Para quem defendeu como debut o ótimo Funeral (2004), a missão de produzir o segundo álbum se torna ainda mais ingrata. Os canadenses do Arcade Fire, no entanto, surpreenderam com uma preciosidade obscura chamada Neon Bible. A temática “religiosa” vem forte imersa nas atmosferas sombrias criadas pela banda extremamente competente com sua parafernalha de instrumentos. Um álbum em que a densidade das músicas causa um estranhamento divertido, não sabemos se choramos ou dançamos.


TOP 3: “Keep the Car Running” - (3'29")
“Intervention” - (4'19")
“No Cars Go” - (5'43")

2# Radiohead - In Rainbows

Mais uma vez o Radiohead... 5 anos de espera desde Hail to the Thief (2003) serviram para fazer brotar várias idéias na mente insana de Thom Yorke e seus comparsas. Tanta espera se rompeu de forma bombástica, com a venda do álbum (mp3) via internet dando ao comprador a opção de escolher o preço do produto, estratégia nunca vista antes.
Falar de toda importância disso para o mercado fonográfico e para os próprios artistas a essa altura é chover no molhado, então passemos ao trabalho em si, pois toda a “ideologia” desse lançamento poderia acabar jogando contra também, “ta, mas e a música?” e é justamente aí que o álbum ganha ainda mais força. Pois além de todo o “conceito”, musicalmente o disco é fantástico. Nenhuma guinada radical na carreira, é aquele rock-eletrônico-psicótico-marciano dos trabalhos anteriores, mas aqui ele ganha ainda mais solidez. As músicas tem como principal característica o crescimento, em dois sentidos, primeiro individualmente, cada faixa apresenta de sua forma um crescimento contagiante e explosivo, assim como o álbum de modo geral, a cada audição o interesse aumenta.


TOP 3: "Jigsaw Falling into Place" - (4'09")
"Bodysnatchers" - (4'02")
"Videotape" - (4'39")

3# Wilco – Sky Blue Sky

Depois de ótimos trabalhos que tornaram o Wilco uma das bandas mais regulares (no bom sentido, é claro) de nossa história recente da música pop, é desnecessário falar das ótimas referências do grupo, o que pode se dizer é que Sky Blue Sky é um álbum centrado, com direito a várias viagens, mas ainda assim centrado, ao mesmo tempo que é o alt. country de A.M. (1995) é o experimentalismo de Yankee Hotel Foxtrot (2002), dito isso, o que sobra são belos climas e lindas canções.

TOP 3: “Impossible Germany” - (5'56")
“Either Way” - (3'00")
“On and on and on” - (4'00")

4# Klaxons - Myths of Near Future

O lançamento desse álbum foi um pouco frustrante para alguns que já tinham pirado com as primeiras músicas “racha-assoalho” que já rolavam no My space, em que o rótulo New Rave carregava o Hype da banda. Em Myths of Near Future as coisas tomam seu lugar. Não pense que é algo revolucionário, podemos encontrar de Stone Roses a Prodigy no som do Klaxons. As 11 canções transpiram ecstasy, desde as mais pulsantes até as mais clmáticas. No final das contas é um amontoado de ótimas canções pop, não vão mudar sua vida, mas vão te divertir, e muito.

TOP 3: “Atlantis to Interzone” - (3'18")
“Gravity’s Rainbow” - (2'37")
“Magick” - (3'30")

5# Björk - Volta


É raro encontrar alguém que goste “mais ou menos” da Björk, normalmente o que se vê são os extremos, ame ou odeie. Em Volta a islandesa aparece com algumas músicas produzidas pelo mão de ouro Timbaland, mas não pense que vai encontrar uma Björk “cachorrona”, as contribuições do produtor aparecem de forma bastante tribal, gerando cadências interessantes e inéditas na carreira da cantora. Do mais, a voz é sempre um grande destaque, e isso ainda é ressaltado nos duetos com Antony Hegarty (Antony & the Johnsons), duas das vozes mais singulares da música pop atual.

TOP 3: “Earth Intruders” - (4'39")
“Declare Independence” - (4'40")
“Dull Flame of Desire” - (7'30")