segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Sobre Coldplay e Mylo Xyloto


Na última semana caiu na net o mais novo trabalho do Coldplay, “Mylo Xyloto”. O disco de nome estranho (que significa moinho de madeira, em grego) já havia sido parcialmente apresentado no Brasil quando a banda tocou no Rock In Rio, 7 músicas da nova remessa entraram no repertório.

Pegando carona no lançamento do álbum, segue uma lista com breves considerações sobre ta discografia da banda. No final, minha “escala Coldplay”, ou seja, os discos do grupo de Chris Martin em minha ordem de preferência.

Parachutes (2000)


O debut surgiu em um período em que 9 entre 10 bandas britânicas sonhavam em ser o Radiohead fase The Bends. E com o Coldplay não era diferente. Mesmo Parachutes sendo inferior a outros álbuns contemporâneos – como “The Man Who”, do Travis – é um bom disco. Boas canções melancólicas e desde já com um direcionamento mais pop.

Ouça: Yellow, Shiver e Don’t Panic



A Rush Of Blood To The Head (2002)




Depois do aclamado primeiro trabalho, o Coldplay já lança o segundo disco com status de “banda grande”. Em “A Rush Of Blood To The Head”, apesar das baladas serem ainda mais acessíveis (The Scientist, In My Place) que as do álbum anterior, algumas músicas com o clima mais angustiante (Politik, God Put A Smile Upon Your Face) fazem algo como uma “mea culpa” da banda em relação ao inevitável aprofundamento no som pop que a consagrou. A mistura funciona bem.

Ouça: The Scientist, Politik e Clocks





X&Y (2005)


O terceiro disco foi a primeira (e aparentemente irreversível) bola fora de Chris Martin e banda. Possivelmente devido ao sucesso que o grupo conquistou com os dois primeiros discos, em “X&Y” o referencial é definitivamente trocado: sai Radiohead, entra U2. E é aí que a coisa toda se perde. As guitarras são colocadas em segundo plano, sempre atrás dos teclados, o que mostra que os reflexos da banda de Bono Vox não são exatamente no som, e sim na megalomania. O resultado, no entanto, é anêmico. Canções arrastadas que, quando parecem atingir seu melhor momento remetem ao disco anterior.

Ouça: Speed Of Sound, Talk e X&Y



Viva La Vida Or Death And All His Friends (2008)


Ao ouvir pela primeira vez “Viva La Vida...” é inevitável constatar que estamos diante de um Coldplay totalmente diferente do despretensioso grupo de “Parachutes”, tempo em que Chris Martin não era alvo de paparazzis, não era casado com a atriz Gwyneth Paltrow e ainda não era um símbolo do “rock coxinha”. De toda forma, o disco tenta se redimir do tropeço no trabalho anterior. O clima continua com aspirações épicas, mas os sintetizadores saem de cena e as guitarras voltam – como fica claro na primeira música divulgada, Violet Hill – mas, acima de tudo, a qualidade das canções melhora em relação a “X&Y”.

Ouça: Violet Hill, Viva La Vida e Lost



Mylo Xyloto (2011)


Estamos em 2011. Coldplay já é uma banda mais que consagrada, headline de festivais gigantes e referência entre bandas bem sucedidas. Contrariando expectativas, fez um bom show no Rock In Rio e logo teve o disco novo disponível na net. O que esperar? Muitos fãs da fase “Parachutes”, já desistiram da banda, mas como a esperança é a última que morre, de repente pudesse dar um momento de loucura no Chris Martin e ele resolvesse retomar a carreira como era no início! Não, não foi isso o que aconteceu.

“Mylo Xyloto” é talvez o disco mais pop de toda a carreira da banda. Embora não tenha um hit realmente forte, como até o chatíssimo “X&Y” tinha, o disco é aparentemente inteiro pensado para não incomodar. Tudo muito “bonitinho”, “fofinho”. Com o perdão do machismo, é música para menina.

As músicas, com pegada eletrônica acentuada, soaram muito mais intensas no Rock In Rio. Para quem ouviu pela primeira vez Hurts Like Heaven no festival carioca, a decepção foi inevitável ao ouvir a versão de estúdio, cheia de barulhinhos importados dos anos 80 e bateria semelhante àqueles ritmos prontos de teclados amadores da Cássio.

Paradise aproxima o som ao de divas pop, como Rihanna, que não por coincidência participa de Princess Of China. Major Minus parece tentar trilhar um caminho diferente, mas não vai muito longe. Us Against The World é uma das baladas mais sonolentas de toda a carreira da banda. Por outro lado, Charlie Brown e Every Teardrop Is A Waterfall são dois exemplos de canções escancaradamente pop bem sucedidas.

Resumindo, se ainda restava alguma dúvida, o Coldplay definitivamente é uma banda pop e está feliz com isso. Afinal, uma carreira também é feita de escolhas. Se você espera um novo Parachutes, esqueça. A história agora é outra. A propósito, por onde anda o Travis?

Ouça: Charlie Brown, Every Teardrop Is A Waterfall e Don’t Let It Break Your Heart



Escala Coldplay

1) Parachutes

2) A Rush Of Blood To The Head

3) Viva La Vida Or Death And All His Friends

4) Mylo Xyloto

5) X&Y 

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