segunda-feira, 9 de abril de 2012

Lollapalooza Brasil - Minhas Impressões

Cage The Elephant


Com dois discos lançados, sendo que o segundo, “Thank You Happy Birthday” os trouxe ao mundo dos hypes, o Cage The Elephant se apresentou no primeiro dia do Lollapalooza Brasil, em São Paulo. Pontualmente (como os demais shows do primeiro dia) às 15h, a banda mostrou no palco Butantã sua sonoridade profundamente influenciada por Pixies. A banda deve mais a Frank Black do que o McLusky, para citar um exemplo (alguém lembra deles?).

O show começou com “In One Ear”, do primeiro disco. Logo no início já veio a certeza de que a marca do show seria a insanidade do vocalista, Matt Schultz, que, carismático, pulava e se contorcia a todo momento. Por vezes passava da conta. Pulava tanto que, em alguns momentos, se esquecia de cantar no microfone.

Com 12 músicas (5 do primeiro disco e 7 do segundo), o Cage The Elephant mostrou que tem um ótimo frontman e um público entusiasmado que cantou tudo. No final só ficou uma dúvida, o som baixo dos PAs prejudicou a apresentação ou falta corpo para as músicas ao vivo?


Band Of Horses


O Band Of Horses era uma das minhas grandes esperanças de bom show no Lolla. E não me decepcionou, pelo contrário, superarou as expectativas. Óbvio que o esquema deles não era aquilo ali, a riqueza de detalhes e as belas melodias da banda deveriam ser apreciadas em um lugar menor, fechado e com um público só deles. Mas ainda assim foi um belíssimo show.

As canções mais intensas ficaram ainda mais fortes ao vivo. Depois da delicada “For Annabelle”, que abriu o show, “NW. Apt” e “The First Song” prepararam o terreno para belíssimas versões de “The Great Salt Lake”, “Is There A Ghost” e “Cigarettes, Wedding Bands”.

A apresentação seguiu nessa linha. Ben Bridwell cantando muito suas belas melodias emolduradas por uma banda esperta, pesando quando era preciso e caprichando nos detalhes nos momentos mais intimistas. “The Funeral”, fechando o show com o sol quase se pondo foi um dos grandes momentos do dia.


Foo Fighters


O Foo Fighters é hoje uma das maiores bandas de rock do mundo. O “melhor” aqui envolve momento, óbvio. Headliner de grandes festivais, último disco elogiadíssimo e fama de shows incríveis. Você pode não gostar da banda, mas não há como negar o “tamanho” dos caras atualmente.

Muitos shows provocam nos fãs aquele drama de não ouvir o lado-b ou a música obscura que tanto gostam. No caso do Foo Fighters essa lógica é subvertida, é claro que há uma aqui ou outra ali que pode ter a ausência lamentada, mas em geral o que mais importa na banda de Dave Grohl são os hits. E são muitos. TODOS foram tocados.

O Lollapalooza Brasil teve o privilégio de contar com o melhor setlist da turnê sul-americana da banda. Além dos hits, teve “Hey, Johnny Park”, “Enough Space”, “For All The Cows” e, pela primeira vez, “I Love Rock’n Roll” com a Joan Jett (além de “Bad Reputation”, que já vinha sendo tocada nos últimos shows).

Dave Grohl gritou. Gritou muito. Possivelmente com a intenção de provar que o cisto que tem na garganta não é motivo para preocupação, mas na verdade é. Tudo ia bem, até que na parte mais gritada de “Monkey Wrench”, ele berrou tudo que podia, sem acompanhamento. A partir daí sua voz mostrou-se desgastada. Tudo bem, depois disso ele gritou sem maiores problemas em “Best Of You”, “Enough Space” e outras, mas quando cantava normalmente era muito fácil perceber como a voz soava “arranhada”.

A enrolação irritou um pouco. Petardos que por si só já seriam o suficiente para encantar ganhavam a todo momento jams, solos e momentos de interação com o público. É importante que um show de rock tenha isso, mas todo exagero complica. No Rock In Rio já havia sido assim, mas a banda cresceu e a enrolação, infelizmente, também. Com o arsenal de boas músicas que têm, eles não precisavam disso.

O exagero de Dave Grohl incomodou, mas um show que consegue enfileirar logo de cara pérolas como “All My Life”, “Times Like These”, “Rope”, “The Pretender”, “My Hero” e “Learn To Fly” não tem como ser ruim. A sucessão de hits não deixa tempo para respirar.

O desespero cantado em “Best Of You” ganhou contornos reais com Grohl lutando contra a própria voz, o que no final das contas foi emocionante, daqueles clichês que volta e meia aparecem e você finge que não se importa. “Hey, Johnny Park”, talvez o melhor “não hit” do Foo Fighters foi bem encaixada entre “Monkey Wrench” e “This Is a Call”. No final, “Everlong”, para muitos a melhor música da banda, fechou o show.

O Foo Fighters faz show para fãs, aqueles que estão ali prontos para o que vier e não vão criticar em hipótese alguma, o que tenta justificar, de alguma forma, a enrolação. Mas ainda assim é um grande show de rock. Dave Grohl acredita em toda aquela onda de “rock celebração” e passa isso nos discos e principalmente no show. Talvez por isso seja, como já dito, uma das maiores bandas de rock da atualidade.


Sobre o Lollapalooza Brasil

Como todo festival, o Lollapalooza Brasil teve erros e acertos. Entre os acertos é bom destacar a pontualidade rigorosa (o único atraso registrado foi o do Racionais no segundo dia) e a facilidade do acesso ao Jockey. Os problemas, em grande parte poderiam ser resolvidos se tivessem sido colocados menos ingressos a venda no dia do Foo Fighters (o único em que fui, bom lembrar). Segundo relatos, o segundo dia, com 15 mil pessoas a menos, foi bem mais agradável em relação a filas em geral, espaço e locomoção. Aguardamos uma próxima edição, com as arestas devidamente aparadas e bons shows.

As fotos foram retiradas do site oficial do Lollapalooza Brasil.

O ótimo La Cumbuca postou todos esses show inteiros, vai lá ver.


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