segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Raça Negra here, there and everywhere




Você já sabe de todo aquele papo sobre a relação da geração atual com as músicas do Raça Negra, já cansou de ouvir que o som deles "faz parte da memória afetiva e tocava nos churrascos de domingo da familia". De toda forma é inevitável notar que nos últimos meses o nome do grupo tem sido alardeado com mais força pela internet (ao menos no meu círculo de contatos), o que mostrou pra muita gente que a qualidade das canções vai muito além da nostalgia familiar noventista.

Em meio a tudo isso, dois fatos colocaram o Raça Negra de forma mais efetiva no meu caminho novamente depois do sucesso que fizeram nos anos 90. O primeiro motivo: o camarada Jorge Wagner, depois de muito planejar, colocou em prática, junto com o site Fita Bruta, o projeto Jeito Felindie. Que é, como o nome sugere, um tributo de bandas indie ao Raça Negra. Lançado oficialmente sexta passada (12/10) para audição e download, o trabalho conta com doze versões feitas por bandas dos mais variados perfis.


O outro acontecimento que me trouxe o grupo de Luís Carlos (sim, o da língua prefffa) a tona, foi o show deles na minha cidade, Araçatuba. Preço honesto, data propícia, namorada interessada e ao menos um amigo disposto a encarar junto comigo. Não dava pra perder. Combinei, comprei os ingressos e fui.

A primeira música da apresentação foi a simbólica “Cheia de Manias” (ou “a do dididididiê”). Daí em diante você já pode imaginar a avalanche de hits... mas sobre o show em geral, algumas coisas devem ser destacadas: Luiz Carlos já está com a voz bastante desgastada e durante a execução do repertório se apoiou no coro ou “na galera” em vários momentos; o filho dele subir no palco e cantar umas SETE músicas foi extremamente desnecessário; no meio de tantos sucessos, tocar covers de músicas famosas, incluindo “Não Quero Dinheiro” DUAS vezes, também foi pra lá de dispensável. Mas parece que ninguém se importou com isso.

A quantidade de hits e a forma como eles são cantados e celebrados falava por si só. Poucas vezes vi tanta devoção a um artista no palco. Logo na minha frente estavam dois rapazes, irmãos gêmeos, um deles com a namorada e ainda uma terceira irmã com o namorado. A emoção dos dois irmãos era uma coisa tão contagiante que não tinha como não acompanhar todos os movimentos. A cada música que começava eles pulavam, se abraçavam, acenavam para o alto e cantavam... muito, cada palavra de cada letra de cada música. De vez em quando viravam para as outras pessoas que estavam com eles e diziam coisas como “essa música é do disco tal, tocava em tal lugar, lembra?”. A irmã e a namorada estavam seriamente preocupadas, temendo que eles pudessem passar mal de tanta emoção.

Eles não eram os únicos, todas as músicas ganharam um coro potente e emocionado ao vivo. É difícil destacar um momento específico de destaque na apresentação, mas “Jeito Felino” e “Poderosa” foram bastante celebradas e encerraram um show longo e intenso.

"ffe não tiver voffe, o meu coraffão chora"

É possível que os gêmeos emocionados nunca tenham ouvido falar de Giancarlo Rufatto, ou que poderiam não curtir a melodia desconstruída na versão folk de “Maravilha”. Talvez pudessem achar que o Nevilton tocando “Vida Cigana” tenha ficado muito pauleira, ou que “Jeito Felino” e “É Tarde Demais” teriam ficado esquisitas por demais nas versões de Letuce e Harmada. Por outro lado, poderiam se encantar com a voz doce da Vivian Benford em “Cheia de Manias”, ou aprovar o acento pop que “Quando Te Encontrei” ganhou na versão do Amplexos. Quem sabe...

No final das contas tudo isso é muito relativo, o que sobra é que tanto eu quanto você, o Jorge Wagner, o pessoal do Fita Bruta, os gêmeos, os indies e os pagodeiros gostamos de boas músicas, e todos podemos concordar que o Raça Negra já fez muitas e elas estão aí, de várias formas, na turnê revival que passou por Araçatuba e no Jeito Felindie, na dúvida não escolha, viva com todas. 


Indididididiê

Um comentário:

Thaís Morrison, disse...

Fazia tempo que não passava por aqui e nem por meu próprio blog, inclusive. Não sei se mais ri ou mais me frustrei por não ter ido ao show, mas 'maravilha', fica pra próximo. Sem mais, morri com esse post.
Tchauzinho e volte a escrever, oras.